Panorama Audiovisual: Você está preparado para coberturas em 3D?
Júnior Danieletto: Estamos preparando outra unidade totalmente HD e eu ainda não fiz nada em 3D, mas a engenharia é a mesma, não tem segredo. O operador de vídeo é o único diferencial, pois ele irá alinhar duas câmeras idênticas e isto não é difícil de fazer. O problema mais difícil é conseguir os equipamentos eletrônicos. Dez monitores do mesmo fabricante, do mesmo lote, mesmo se fabricados no mesmo segundo, vão dar uma colorimetria diferente, pois nenhum é idêntico. Fora disso não vejo dificuldade. O nosso carro tem possibilidade total de ser adaptado para fazer uma transmissão em 3D e eu tenho condições de mudar algumas coisas nas câmeras, porque as nossas lentes são todas iguais. Se eu for montar outro carro ele estará pré-preparado para o 3D. Espero começar a trabalhar neste sentido a partir do ano que vem.
Panorama: Como você imagina a cobertura em 3D na Copa do Mundo?
Danieletto: Haverá 3D, não tenho dúvida, mas acho que será como câmera de ilustração. Vamos precisar de uma unidade móvel inteira, com até oito câmeras em 3D, que na verdade serão 16 câmeras. Teremos câmeras para acompanhar todas jogadas com uma imagem mais aberta, pois eu acho que ainda não conseguiram resolver esta questão do movimento com a câmera, juntamente em ação propriamente dita. Os ensaios que eu tenho visto são com imagens fixas. Eu acho que para uma transmissão 3D serão usadas mais 17 câmeras, com 4 ou 5 câmeras posicionadas estrategicamente para gerar imagens 3D de ilustração, que serão jogadas no telão do estádio, mas eu não vejo está imagem entrando ao vivo em
uma transmissão.
Panorama: Até que ponto vale a pena desenvolver uma estrutura para 3D para eventos isolados como a Copa e Olimpíadas? Será viável?
Danieletto: Se você tem um carro com 16 câmeras, pode fazer qualquer tipo de coisa, inclusive 3D. Você amortiza e vai rolar, claro que sim.
Panorama: Olhando para o cenário brasileiro, é difícil falar em 3D antes de se concluir a migração para o digital?
Danieletto: O ministro Hélio Costa havia dito que a partir de 2014 todos teriam que estar trafegando em digital. Eu acho que isso está se antecipando por causa da Copa do Mundo, do contrário todos iriam deixar para a data limite. Mas, se nem estamos trafegando em digital ainda, por que estamos falando em 3D? É uma realidade de médio e longo prazo. No cabo, alguns canais muito específicos talvez tenham programação
em 3D, como o SporTV 1 e 2 e, no futuro, eles podem transmitir eventos como as Olimpíadas. Quando se faz uma transmissão como a despedida do Ronaldo, você tem duas ou três câmeras captando em 3D e cria-se um clipe oferecido como bônus. Eu acho que estas pílulas vão acabar surgindo
para trazer público.