A equipe da Panorama Audiovisual acompanhou de perto a transmissão de um jogo de vôlei realizada em HDTV pela D2 Produções para o canal pago SporTV. Durante a visita, tivemos a oportunidade de sentir de perto todo o clima que cerca uma transmissão e adrenalina da equipe técnica para levar ao telespectador as melhores imagens.
O que pode se perceber de imediato, é todo o aparato tecnológico que cerca a transmissão, apesar de ser um evento de pequeno porte. Para cobrir a partida foram usadas várias câmeras, centenas de metros de cabos e uma grande quantidade de técnicos correndo para levar ao espectador a melhor transmissão possível. “Temos de prover a melhor imagem e para isso instalamos sete câmeras no ginásio. Duas delas estão localizadas na quadra e fazem os detalhes de banco e jogadores. Na parte de cima há mais duas câmeras, sendo que uma delas faz as imagens gerais e a outra, por ser uma tele, é responsável por captar os detalhes. Além delas, há outras duas na posição inglesa, que fazem a grande angular e uma câmera na rede, para tira-teima de lances. Todas elas com slow motion e recuperação”, diz Bruno Delaiti, responsável pela coordenação de imagens e direção de externas.
Para montar essa estrutura a tempo, a equipe chegou ao local da partida oito horas antes, tempo em que foi feito todo o cabeamento, checagem e teste de sinal para emissora. “Neste jogo contamos com cabos stand-by para cada setor, além de mais um cabo em cada câmera, o que resulta em mais 1500 metros de cabeamento e uma estrutura que demanda uma equipe de 21 profissionais. Em partidas de futebol, por exemplo, chegamos a usar 4 mil metros de cabo. E nesse caso, toda a estrutura se multiplica”, lembra.
Mas nem todo o trabalho fica a cargo da produtora. A emissora também colabora muito e a transmissão é feita em parceria. “Existe um trabalho feito a quatro mãos pela produtora e a emissora que nos contrata. Nesse sentido, a atuação da diretoria de TV é muito sensível e acrescenta bastante qualidade ao trabalho da produção”, diz.
Em relação à comunicação das câmeras com a unidade móvel, os sinais chegam até as CCUs (Unidades de Controle de Câmeras) do caminhão através de cabos triax. “Nesse local é feita a colorimetria e a parte de comunicação, em que falamos com o diretor de TV e com os câmeras no campo, por fones”, conta ele.
Em busca da melhor imagem, sempre
Nilvan Vieira Silva trabalha há 19 anos na D2 como supervisor de operações e nesse tempo todo adquiriu muita experiência para gerenciar a equipe de cinegrafistas que trabalhavam no jogo. Ele diz que esse é um trabalho que exige atenção e que a prática vem com o tempo de atuação. “Todo evento tem um procedimento padrão, com funções bem definidas. O trabalho deve ser preciso e realizado em equipe, por isso, recrutamos profissionais de destaque no mercado para atuar junto com a conosco”, conta.
De acordo com Nilvan, bons profissionais são formados com o tempo. Normalmente começam como assistentes. “O meu papel, enquanto supervisor, também é verificar qual é o direcionamento desse profissional dentro da equipe. Ele pode ser operador de áudio, de slow ou cinegrafista”, diz.
Com o trabalho em máxima velocidade, não há tempo para errar. Segundo Nilvan, essa tolerância é uma das diferenças entre uma produtora terceirizada e uma emissora. “Por isso é tão importante preparar os nossos profissionais”, analisa.
Gerenciando problemas
Além dos melhores profissionais, a equipe de transmissão também precisa ficar atenta às condições da unidade móvel, e resolver o quanto antes qualquer tipo de problema. É preciso fazer tudo com antecedência, inclusive a manutenção dos equipamentos afinal, na hora da transmissão ao vivo, tudo tem de estar perfeito. A solução, segundo Nilvan, seria aproximar todos os envolvidos e abrir a discussão sobre os novos projetos de centros esportivos.
Trajetória vitoriosa
A trajetória do empresário Júnior Danieletto começou em 1979, quando ele trabalhava na produtora Manduri, que na época estava saindo da indústria de cinema e montando um núcleo de TV. “Pouco antes disso, eu trabalhava em uma empresa de engenharia. Mas, com o trabalho na produtora, fui estudar cinema”, lembra.
Depois de deixar a Manduri, ele foi para a Fundação Bradesco, onde estava sendo desenvolvido um núcleo de TV. Em 1983, Júnior entrou para Fundação Roberto Marinho como Supervisor de Operações. “Eu acho que eu fui o supervisor mais novo da rede, pois tinha 21 anos na época e trabalhava na Unidade Portátil. Éramos quatro equipes e eu estava em uma delas. Tive uma ascensão profissional muito rápida nessa empresa e só saí de lá em 1986, quando terminou o núcleo em São Paulo”.
Depois disso, Junior ficou uma temporada curta no Rio de Janeiro e, ao voltar, reencontrou um amigo de infância, Raul Del Bianco (já falecido), que tinha acabado de deixar a Rede Globo. “Ele tinha saído, estava montando uma produtora e me chamou para nos associarmos”, lembra.
Com os recursos que tinham, eles compraram uma câmera Sony DXC 3000 - a primeira com CCD do mercado, mas tiveram problemas de liberação do equipamento. “Nós já tínhamos um trabalho agendado com um cliente, que fazia perfurações de petróleo na Bacia de Campos. Então alugamos uma câmera e fomos para lá, onde fizemos o trabalho em três meses”, recorda.
Ao voltar desse trabalho, o equipamento já havia sido liberado e eles compraram outra. “Então, em seis meses, nós estávamos com três ENGs montadas, numa época em que ninguém tinha câmeras para alugar. Começamos a fazer frilas e alugar equipamento. Foi dessa forma que a empresa começou a funcionar, na época com outro nome: Vídeo & Companhia”, lembra.
A especialidade da empresa, na época, eram as campanhas políticas e ela fez esse trabalho até 1991, quando montaram a produtora Top Brasil. “Com essa empresa nós criamos uma bela estrutura com ilhas de edição, pós-produção, material de primeira qualidade. Até que chegou o Plano Collor e perdemos tudo. Levamos três anos para nos reerguer”, relembra.
Em 1995, os dois sócios desfizeram a Top Brasil e retomaram a Vídeo & Companhia. Eles mudaram a razão social e nasceu então a Produtora D2. “O nome vinha do fato de sermos dois sócios. Passamos a prestar muitos serviços para a GloboSat e atuar no segmento de esportes. Foi assim que começamos nossa história na cobertura de eventos esportivos”.
Hoje, com mais de 30 anos de profissão e sete unidades móveis montadas, Júnior Danieletto diz adorar a tecnologia que envolve o projeto de uma unidade móvel. Segundo ele, é preciso levar em conta, basicamente, os benefícios e despesas e, em seguida, se esse carro vai se tornar viável comercialmente. “Isso só vai acontecer se existir um bom projeto, executado por uma empresa de confiança e o projeto for bem estruturado”, lembra.
Para ele, o mercado é muito vasto e há espaço para crescer desde que se possa atender a todas as necessidades dos clientes, inclusive em momentos críticos. “Uma unidade móvel é como um centro cirúrgico, ela precisa oferecer muita segurança aos clientes”.